DISFUNÇÃO ERÉTIL
IMPOTÊNCIA SEXUAL
Leonardo da Vinci, considerando o fato de que o homem tem ereções noturnas involuntárias, concluiu que o cérebro não controlava a função do pênis que, para ele, tinha mente própria. Ao estudar cadáveres de pessoas enforcadas, da Vinci observou que o pênis endurecia quando se enchia de sangue e assim descreveu o mecanismo da ereção. No que se refere à sua autonomia, no entanto, ele estava enganado. O cérebro tem integração fundamental com o mecanismo da ereção.
São os mecanismos cerebrais totalmente integrados que permitem ao cérebro, através de circuitos de neurônios, liberar sinais inibitórios e excitativos a fim de que o sangue conduzido pelas artérias penetre nos corpos cavernosos do pênis e, retido dentro deles por compressão, promovam a ereção. Quando o sangue reflui, isto é, quando volta para a circulação geral, o pênis fica flácido e a ereção desaparece. Desarranjos nesse mecanismo podem ser a causa das disfunções eréteis.
Nos últimos 20 anos, com uma extensa variedade de estudos houve uma revolução nessa área, possibilitando melhor entendimento da fisiologia peniana e, consequentemente, a descoberta de novos métodos cirúrgicos e farmacológicos para o tratamento da impotência.
Drº Bruno, como considerar um homem impotente?
Na realidade termo impotente, refere-se a alterações na qualidade da ereção do homem, que o fazem ou não ter uma um ereção satisfatória para atingir o orgasmo ou até mesmo os homens que possuem uma ejaculação muito breve, por vezes antes da penetração fato que impede que a parceira tenha satisfação com a atividade sexual. Hoje o termo mais utilizado para caracterizar essa situação é a Disfunção Erétil.
E quais homens são atingidos pela Disfunção Erétil?
No Brasil, calcula-se que os casos atinjam 10 milhões de homens, sendo que esse número vem crescendo ano a ano.Considerando-se a população adulta acima de 18 anos, estima-se, ainda, que 52% dos homens presentarão algum grau de disfunção erétil: 10% representam os casos graves; 25%, os de disfunção moderada e 17%, os de disfunção mínima.
Quais a principais causas que levam o homem a ter Disfunção Erétil?
Costumo dizer que há quatro causas principais. A principal delas é emocional e atinge 70% dos homens, podendo estar associadas a histórico das relações com a parceiras, a traumas, momentos de estresse, outros relacionamentos, entre outros. As demais causas envolvem disfunções orgânicas que pode ser vascular impedindo que o sangue chegue adequadamento para manter a ereção; pode ser de origem neurológica havendo uma falta de sinais nervosos que promovam a ereçãoo e até mesmo hormonal, nos casos em que o homem apresenta uma queda nos níveis de Testosterona com impacto na libido e na atividade sexual.
O cigarro tem realmente alguma interferência na Impotência?
Tirando aquela imagem já conhecida e estampada nas capas dos cigarros, não há dúvidas que o seu efeito prejudica as ereções. Já fizeram estudos analisando o fluxo sanguíneo no pênis de pacientes fumantes e não fumantes. Tais estudos demonstraram que o pacientes fumantes apresentavam fluxo bem inferior quando comparados aos que não fumavam, provando o efeito de constrição que o cigarro faz nas artérias. Mais que isso, é importante ressaltar que a disfunção erétil pode ser um dos primeiros sintomas de doenças cardiovasculares, sendo que sua manifestação pode gerar um importante sinal de alerta.
O que são causas emocionais da Disfunção Erétil?
A disfunção erétil não envolve apenas o pênis. Quando se estuda esse órgão deve-se entender o homem e a mulher num ato sexual, com suas bagagens e experiências, além do momento e envolvimento emocional em cada atividade. Na sexualidade o enfoque tem de ser emocional, porque o pênis faz parte do relacionamento íntimo entre duas pessoas. É de extrema importância estabelecer se ele funciona mal e compromete a relação, ou se funciona mal porque a relação já está comprometida. Como já disse, em 70% dos casos de disfunção erétil, a emoção está envolvida na causa. Situações de estresse promovem a liberação de Adrenalina que tem um efeito prejudicial à ereção, de modo que quando o indivíduo não está bem, não é incomum que isso reflita na sua prática sexual. Hoje sabe-se que a ansiedade, o medo de não conseguir controlar a ejaculação ou satisfazer a parceira estão entre as principais causas da Disfunção Erétil.
Por que os homens possuem tanta resistência em procurar ajudar médica?
A resistência parte do próprio indivíduo. É muito fácil procurar o médico para queixar-se de falta de ar, tosse ou dores no estômago. Admitir, porém, sua impossibilidade de manter relações sexuais é algo que fere a imagem do homem, do sujeito forte e inabalável. Muitos homens apresentam problemas desse tipo, mas quando próximos a amigos se dizem plenos quando se fala em sexo. Muitos homens só tomam a iniciativa estimulados pela parceira que nem sempre os acompanha ao consultório, mas é quem marca a primeira consulta. Eles cedem porque a relação está em jogo. A suspeita, por parte da mulher, de que haja um envolvimento extraconjugal e/ou sua suposição de ter-se tornado menos atraente e sedutora, muitas vezes, contaminam o relacionamento do casal.
Quais os tratamentos disponíveis para o paciente com Disfunção Erétil?
Temos a oferecer basicamente 3 tipos de tratamentos a esses pacientes:
1) Medicações asodilatadoras Orais
2) Autoinjeções
3) Próteses Penianas
As medicações orais são amplamente utilizadas, mesmo sem avaliação médica. Qual é sua experiência com a utilização dessas drogas?
As medicações orais, vasodilatadores penianos, vieram para ficar, porque provaram ter eficácia no corpo cavernoso, ou seja, promovem as ereções sem provocar danos ao pênis. Muitos pacientes apresentam medo em tomar a medicação. Para pessoas jovens e saudáveis praticamente não há problema. Essa droga age por um período determinado e depois é eliminada do organismo. Seu efeito vasodilatador não se restringe ao pênis, mas reflete-se na musculatura lisa, artérias e veias de todo o corpo. Por isso, é preciso tomar cuidado. Se a pessoa apresenta problemas cardíacos e já faz uso de outros vasodilatadores, principalmente de Nitratos, pode somar seus efeitos e ter complicações no quadro clínico. Trata-se portanto de um medicamento seguro, mas que deve ser prescrito com orientação médica.
Diversos são os comprimidos que podem ser utilizados para esse fim, sendo necessário respeitar o tempo de início de ação, bem como o tempo de duração da medicação para cada paciente individualmente, cabendo ao Urologista essa adequada avaliação.
Vale lembrar que o uso dessas medicações pode estar associado a efeitos colaterais, sendo que os principais são: dor de cabeça, tontura, queda da pressão, congestão nasal, vermelhidão ou coceira na pele, visão embaraçada, palpitação, dor no estômago, vômito, sangramento no nariz e zumbido. São efeitos que acontecem em poucos pacientes e com baixa gravidade.
E essa autoinjeção? Não é muito dolorido realizá-la no pênis?
As autoinjeções são compostas de dilatadores locais que são injetados no corpo cavernoso, que é o tubo por onde se passa o sangue com alta pressão permitindo a ereção. A aplicação dói muito pouco. Quando se pensa em aplicar uma injeção no pênis, a expectativa é de uma dor intensa. Acontece que o pênis tem pouca enervação e, ao penetrar a agulha, que é muito fina, o indivíduo sente apenas um pequeno incômodo. Diante da dor que esperava, ela é insignificante. Há indivíduos satisfeitos com os resultados que tomam injeções desse tipo há mais de 15 anos sem nunca terem reclamado do incômodo da dor.
A autoinjeção pode ser indicada para diabéticos e para homens submetidos à prostatectomia radical, isto é, a retirada total da próstata que estava comprometida por câncer. Nos casos emocionais, associada à psicoterapia, também tem-se mostrado eficiente.
As primeiras aplicações requerem cuidado especial porque a ereção pode prolongar-se por mais de 6 horas, de modo que eu sempre oriento ao paciente para levar a injeção ao consultório para realizarmos o teste sob supervisão. Assim consigo orientá-lo sobre a aplicação adequadamente. Em seguida prescrevo o uso sob observação. Nessa área é preciso se tomar cuidado, pois existem diversas empresas que atuam de maneira leviana e propagandista, prometendo resultados e cobrando valores absurdos e provocando danos físicos e psicológicos aos pacientes.
Quando o paciente deve ser submetido a colocação de uma prótese peniana? Ele ficará com o pênis ereto o tempo todo?
As próteses penianas provocaram verdadeira revolução no campo da disfunção erétil. No procedimento é realizado a colocação da prótese no corpo cavernoso, sem alterar a enervação do pênis e da glande. Em geral, elas são feitas de silicone e dão rigidez ao pênis permitindo a penetração na vagina sem alterar a capacidade de ejaculação, nem o desejo, nem o prazer.
Vencidas as dificuldades inerentes a qualquer pós-operatório, o desempenho sexual é restabelecido, sendo que muitos pacientes nem se lembrar de ter a prótese depois do tempo de adaptação.
Existes basicamente dois tipos de próteses:
As Semi-Rígidas que possuem uma haste metálica revestida, na qual o indivíduo consegue modelar e posicionar em ereção para realizar a penetração.
E as Infláveis que possuem um mecanismo hemodinâmico muito simples e que pode ser acionado pelo próprio portador permitindo o controle da ereção segundo sua vontade. Dentro do escroto, coloca-se uma bolsa cheia de líquido cuja saída é vedada por uma bolinha. Se esse pequeno reservatório for apertado com a mão, a bolinha se movimenta, o líquido é liberado em direção a prótese que está no pênis e o indivíduo entra em ereção. Basta dobrar o pênis para que a situação se reverta. O líquido reflui para a bolsa, a bolinha retorna à posição inicial e a ereção desaparece. O procedimento cirúrgico é bastante seguro e o período de internação muito curto. A única recomendação importante é que a prótese não deve ser usada nos primeiros 30 dias depois de sua implantação.
E o mais importante é que a satisfação do casal, quando avaliamos o nível de satisfação com o uso das próteses é muito grande, sendo que muitos referem estarem vivendo a melhor fase da vida.
O que o senhor pode orientar aos nossos pacientes de Bauru, quanto a queixa de Impotência Sexual?
O importante é que o homem quando apresentar qualquer sintoma que o esteja deixando insatisfeito com o sexo, que ele procure um Urologista para fazer uma avaliação, sem que haja constrangimentos ou medos. Como disse, cerca de metade dos homens adultos possuem alguma insatisfação na qualidade da sua atividade sexual. Desse modo, estamos a disposição para investigar as causas e também oferecer os tratamentos mais adequados e seguros para melhorar a qualidade de vida desse paciente em uma das situações mais prazerosas da vida que é o ato sexual.