VASECTOMIA
A Vasectomia é uma cirurgia que interrompe a passagem dos espermatozóides produzidos pelos testículos e que são levados pelos canais deferentes até o conteúdo que sai na ejaculação após uma relação sexual.
Trata-se de um método de contracepção muito seguro. Muitos homens, porém, se recusam a fazer essa cirurgia porque imaginam que ela possa provocar impotência sexual ou alterações no orgasmo durante a atividade sexual. A vasectomia torna o homem estéril, mas não interfere na produção de hormônios masculinos nem em seu desempenho sexual.
Drº Bruno, quais argumentos você usa quando recebe alguém que quer fazer vasectomia e se mostra um pouco preocupado?
Creio que seja muito importante conversar e entender a história do casal, o número de filhos e os objetivos que os dois tem com a realização do procedimento. Explico sempre que é um procedimento de pequeno porte e de baixo risco cirúrgico, que tem baixa taxa de complicações, mas que é uma decisão que precisa ser consciente e madura pelo casal. Oriento que é um método definitivo, mas que também pode ser revertido caso um dia o casal ou o homem com outra parceira mude de idéia. O mais importante é entender que é uma cirurgia segura e saber tudo que envolve o antes, o durante e o depois do procedimento.
E a partir de que idade você acha que a vasectomia pode ser indicada?
Recentemente, tivemos uma mudança na lei de planejamento familiar. Anteriormente a vasectomia só podia ser realizada por homens com mais de 25 anos e/ou que tivessem dois ou mais filhos, com o consetimento da parceira. Agora em Março de 2023, entrou em vigor a lei 14.443/2022 que reduziu a idade mínima para realização da vasectomia para 21 anos ou quem tem dois ou mais filhos, acima de 18 anos. Também se tornou dispensável a necessidade de consentimento da parceira para realização do procedimento. Porém mais que o que está na lei, é fundamental que seja uma decisão pensada e compartilhada para que traga a segurança de um planejamento familiar adequado.
Como é realizada a cirurgia, Drº Bruno?
A vasectomia é uma operação simples. Na sala de cirurgia, é feita uma pequena infiltração local com anestésico e uma incisão de 1 cm no meio da bolsa escrotal. O médico isola o canal deferente por onde passam os espermatozóides e a seguir, corta-se o mesmo, cauterizando e dando ponto nas duas pontas que ficam, para se evitar a recanalização. Por fim, se fecha a incisão. Pronto. O indivíduo está liberado para voltar para casa. A maioria sai do hospital e já tem condição de trabalhar no dia seguinte.
Assim que o paciente termina o procedimento ele já se encontra estéril?
Isso é algo importante. Logo que se faz o procedimento o homem ainda não está estéril. De onde se corta o canal deferente para frente ainda pode haver espermatozóides vivos. É necessário se esperar 60 dias ou de 20 a 30 ejaculações para se realizar um espermograma, para se ter certeza que não há mais espermatozóides no conteúdo da ejaculação.
Apesar dessa modificação na produção de espermatozóides, a produção do líquido espermático e a ejaculação continuam ocorrendo normalmente?
A vasectomia não altera a produção nem a quantidade de líquido espermático eliminado na ejaculação, não se notando diferença e já há estudos que mostram melhora da qualidade da atividade sexual do casal, visto que não há mais a preocupação com a gravidez.
E em quais situações se pode fazer a reversão da vasectomia?
A reversão da vasectomia é um ato tecnicamente viável e possível. Se a reversão for feita até três anos depois da vasectomia, em 90% dos casos o espermograma será de boa qualidade. À medida que o tempo passa, diminuem as taxas de presença de espermatozóides e a chance de gravidez. A cirurgia exige delicadeza e um microscópio capaz de aumentar entre 20 e 25 vezes, dada a dificuldade em se realizar a reconexão dos canais deferentes.
Qual mensagem o senhor deixaria ao paciente que deseja realizar a vasectomia?
O mais importante é entender que precisa ser uma decisão consciente. Pra isso que me coloco a disposição para esclarecer ao meu paciente cada ponto referente a cirurgia e estimulá-lo a pensar da necessidade de haver uma estabilidade conjugal e um bom entendimento de tudo que envolve o procedimento.